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Sucessão criteriosa: controle de fitonematoides por meio de sucessão de culturas

  • Foto do escritor: Inova Vendas
    Inova Vendas
  • 10 de ago. de 2018
  • 5 min de leitura

No Brasil, os principais fitonematoides do algodoeiro são o nematoide das galhas Meloidogyne incognita, o nematoide reniforme Rotylenchulus reniformis e o nematoide das lesões Pratylenchus brachyurus. Os três nematoides são parasitas obrigatórios de plantas, ou seja, alimentam-se exclusivamente de tecido vegetal vivo. Portanto, o controle desses organismos pode ser feito eliminando-se seu alimento, o que normalmente é conseguido de duas formas diferentes. A primeira, e mais simples, é pela retirada de todas as plantas de uma área infestada. É uma técnica de controle chamada de alqueive. A outra, que é mais complicada, e a razão veremos a seguir, é pela seleção das plantas que serão mantidas na área, antecedendo ou sucedendo à cultura do algodão. Devem ser, preferencialmente, plantas das quais os nematoides não são capazes de obter alimento e, consequentemente, onde não se reproduzem (= plantas não hospedeiras ou imunes). Alternativamente, podem ser utilizadas plantas nas quais a reprodução é baixa (= plantas resistentes). A complicação dessa técnica, que é chamada de “controle de fitonematoides por meio de sucessão de cultura” é que as três espécies importantes são polífagas, ou seja, alimentam-se de várias espécies de plantas. Então, a lista de plantas que podem ser utilizadas na sucessão é muito pequena.A seguir são discutidas as vantagens e desvantagens, do ponto de vista nematológico, das principais sucessões envolvendo o algodoeiro.


Sucessão soja-algodão


 Atualmente, no Brasil, é uma das sucessões mais importantes. Os nematoides M. incognita, R. reniformis e P. brachyurus reproduzem-se abundantemente em soja, ou seja, a soja é boa hospedeira desses (= suscetível a esses) nematoides. Portanto, essa sucessão não deve ser considerada, em princípio, para o controle dos nematoides do algodoeiro. Porém, por meio de melhoramento genético, hoje existem cultivares de soja resistentes a M. incognita e R. reniformis, que podem ser utilizadas no controle dessas espécies de nematoides. Por exemplo, as cultivares BRS-282, BRS-256RR, BRS-260 são resistentes a M. incognita; e as cultivares BRSMG-250 (Nobreza), TMG-115RR, TMG-121RR, TMG-113RR, BRS-Jiripoca são resistentes ao nematoide reniforme. Infelizmente, a reação das cultivares de soja, principalmente das mais modernas, nem sempre está disponível ao público.


Milheto-algodão


 É uma sucessão muito utilizada para formação de palhada, principalmente em regiões com inverno seco. O milheto é imune a R. reniformis, e é suscetível a M. incognita e P. brachyurus. Portanto, o milheto é valioso no controle do nematoide reniforme, porém representa risco em locais infestados com o nematoide das galhas e o das lesões. Existem algumas cultivares resistentes a P. brachyurus, que reduzem o risco de seu uso em locais infestados por esse nematoide.


Milho-algodão 


Normalmente é utilizada em áreas irrigadas. O milho é imune a R. reniformis, mas é suscetível a M. incognita e P. brachyurus, ou seja, a reação do milho é semelhante à do milheto, exceto  pelo fato de que não existem cultivares ou híbridos de milho resistentes ao nematoide das lesões.


Amendoim-algodão 


O amendoim é uma das melhores culturas para controle de nematoides. Nos Estados Unidos, tem sido utilizado com sucesso no controle de M. incognita (é imune a essa espécie de nematoide das galhas), mas também pode ser recomendado em locais infestados pelo nematoide reniforme (é resistente a R. reniformis). Seu ponto fraco é a suscetibilidade a P. brachyurus, nematoide que causa lesões nas raízes, no ginóforo e na casca das vagens. No Brasil, é pouco frequente seu uso no controle dos nematoides do algodoeiro.


Soja-mamona-algodão, soja-girassol-algodão e soja-sorgo-algodão


 A mamona, o girassol e o sorgo podem ser utilizados como segunda safra após soja. São sequências em que existe elevada complexidade, pois envolvem três diferentes culturas. Primeiramente é preciso considerar o efeito da soja, que pode aumentar ou diminuir o risco causado pelos nematoides.A literatura registra que a mamona é imune a M. incognita e suscetível a R. reniformis e P. brachyurus. Numa sequência soja-mamona-algodão, a mamona reduz os riscos causados por M. incognita, porém aumenta os riscos por R. reniformis e P. brachyurus.O girassol é suscetível às três espécies de nematoides, portanto é uma opção viável somente em locais com baixas infestações desses organismos. Caso contrário, é uma cultura a ser evitada.O sorgo granífero é imune a R. reniformis, e suscetível a M. incognita e P. brachyurus. As galhas causadas por M. incognita são muito pequenas e podem levar o agricultor à falsa impressão de que o sorgo é resistente ao nematoide.


Soja-braquiária-algodão e soja-Panicum maximum-algodão 


São sequências complexas, como as descritas no item anterior, porém, utilizando braquiárias (Brachiaria decumbens, B. ruziziensis e B. brizantha) e Panicum maximum (Massai, Tanzânia, Aruana etc) como culturas para formação de palhada. Além do efeito da soja, há a ação dessas coberturas, que são imunes aos nematoides das galhas e reniforme, mas suscetíveis ao nematoide das lesões.


Soja-Crotalaria spectabilis-algodão 


É a sequência com maior abrangência de espécies controladas, pois a literatura registra que C. spectabilis é resistente a M. incognita, R. reniformis e P. brachyurus, embora haja controvérsias sobre a reação desse adubo verde ao nematoide reniforme.


Importância da sucessão de cultura 


Tradicionalmente, no Brasil, o controle dos nematoides do algodoeiro tem sido feito por meio do uso de cultivares resistentes e/ou tolerantes. Porém, em tempos mais recentes, a resistência a nematoides não tem sido considerada um atributo prioritário em programas de melhoramento genético do algodoeiro. De fato, as cultivares atuais possuem resistência mais baixa do que as cultivares utilizadas há 5 anos atrás.Assim, cresceu a importância relativa de outros métodos de controle, a saber, nematicidas químicos (no sulco de plantio ou em tratamento de sementes), nematicidas biológicos (no sulco ou em tratamento de sementes), adubação orgânica e sucessão de cultura.A sucessão de cultura, como método de controle de nematoides, apresenta duas vantagens principais: (1) as informações necessárias para sua implantação estão disponíveis na literatura; (2) os resultados são muito previsíveis. Porém, é muito pouco utilizado, pelas seguintes razões: (1) elevado custo de oportunidade; (2) escassez de laboratórios de fitonematologia (que são necessários para a identificação específica dos nematoides); (3) efeitos colaterais associados à cultura de sucessão, pois essa pode ser imune ou resistente a um nematoide, mas suscetível a outro nematoide existente no local.A seguir, é apresentado um exemplo da aplicação da sucessão para o controle de nematoides em uma grande propriedade produtora de algodão. Nessa propriedade, em 2003, utilizou-se em toda sua extensão (1978 ha divididos em 24 talhões) a sucessão milho-algodão, que provocou, conforme era de se prever, a elevação populacional de M. incognita e P. brachyurus. Em 2004, como tentativa de controle, utilizou-se a sucessão amendoim-algodão nos talhões 7 e 12, que eram dois dos menos produtivos (21º. e 22º., respectivamente). Do ponto de vista nematológico, a nova sucessão teve a vantagem de substituir uma planta suscetível a M. incognita (o milho) por uma imune (o amendoim). Mantinha-se o risco oferecido por P. brachyurus, pois o amendoim também é suscetível a essa espécie de nematoide das lesões. Como resultado, apesar das lesões nas cascas das vagens, a produção de amendoim foi elevada e proporcionou renda líquida maior que a do próprio milho. O fato mais importante é que a densidade de M. incognita foi reduzida, apesar do controle deficiente da tiguera, e a produção do algodão foi altamente beneficiada. Em 2004, a produção dos talhões 7 e 12 aumentou 17,1% em comparação a 2003, enquanto nos outros talhões, a produção caiu 13,3%. Além disso, o talhão 7, que foi o 21º. mais produtivo em 2003, passou para o 18º. lugar em 2004. O resultado do talhão 12 foi ainda melhor, passou da posição 22 para 11 (Tabela 1).Embora, nesse exemplo, os resultados com amendoim tenham sido animadores, a experiência foi descontinuada, por decisão pautada no aspecto comercial e relacionada à maior flutuação de preços do amendoim, em comparação ao milho. De fato, no Brasil, diferentemente dos Estados Unidos, o amendoim é atualmente cultura de importância marginal. Assim, se confirma que o custo de oportunidade tem sido o principal entrave à adoção da sucessão no controle dos nematoides do algodoeiro no Brasil.

O artigo completo está na edição 192 da Cultivar Grandes Culturas.

Mário Inomoto

 
 
 

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